Construindo Caminhos


Estamos sempre construindo. A vida, muitas vezes, se assemelha a uma obra em andamento: um espaço cheio de poeira e concreto, onde mal conseguimos distinguir o que será uma sala, um quarto ou um refúgio de descanso. Tudo parece confuso, sem forma, e buscamos nos encontrar em meio a contornos que ainda não se revelaram.

Mas a construção é feita aos poucos, escolha por escolha. Cada decisão que tomamos é movida pelo desejo e o desejo nasce da falta. Cada escolha é uma tentativa de preencher esse vazio, e ao seguirmos por um caminho, deixamos outros para trás. E assim, a casa começa a ganhar forma. O que antes era apenas um amontoado de desejos e incertezas começa a se organizar, até que, um dia, percebemos que aquele espaço, enfim, é nosso lar. Imperfeito, mas vivo.

Construir exige paciência. É no presente que a casa ganha forma. O passado não pode ser mudado, e o futuro é incerto. O agora é o único tempo em que podemos agir, é no presente que o desejo encontra seu espaço para se realizar e transformar o que parecia apenas uma ideia em algo concreto.

Nossa construção é constante, complexa e, muitas vezes, cercada de desafios. Mas não há construção sem obstáculos. Aceitar as limitações, tanto as internas quanto as que o mundo nos impõe, faz parte do processo. É olhar para o que não pode ser mudado e, ainda assim, seguir adiante com o que é possível. 

Cada escolha é um novo alicerce, cada ação, um tijolo assentado. E, lentamente, o que parecia inacabado começa a ganhar um contorno, um nome, um sentido.
No caos da obra, é fácil esquecer que há um projeto. Mas ele está lá. Ainda que seja apenas um traço no papel, um sonho silencioso. A cada gesto no presente, erguemos paredes, abrimos janelas e deixamos a luz entrar. E, assim, o que começou sem forma um dia se transforma em casa. Se transforma em lar.

Tatiana Dias Gomes
Psicóloga Clínica
CRP 05/35960

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