O Que Fica
Maria nunca imaginara que, aos 15 anos, precisaria lidar com uma falta como aquela. Como poderia, em um dia, aquele homem tão presente, que iluminava seu entorno, estar ali e, no outro, já não estar mais? Não fazia sentido. Aquele avô que lhe ensinara a “voar com a imaginação” ou a “procurar os pequeninos” pela casa. Pequeninos que ela nunca tinha visto, mas que, por ele ter dito que existiam, ela confiava. Na infância, os buscava em cada canto da sala, do banheiro, da cozinha. Mesmo quando a maturidade a fez deixar de acreditar, ainda os procurava, para que seu avô não notasse que ela havia crescido. Tantas lembranças... - Por que o final me faz lembrar do começo? - perguntou-se Maria, olhando para o gramado daquela casa, onde, poucos dias atrás, vira seu avô pela última vez, regando as flores. Levantou-se e caminhou pelo jardim, seguindo os passos daquele homem que a ensinou a amar as plantas e os bichos. Ajoelhou-se para sentir o perfume da flor preferida de Jaime. Talvez ele tenha ...